Se você
imaginasse Jesus na cruz toda vez que encontrasse seu nome na Bíblia, você
acabaria atordoado. A cruz foi, na verdade, uma parte importante de sua obra,
mas não foi tudo. Ele fez muitas coisas antes de vir à terra, viveu uma vida
plena aqui, e agora senta-se à direita de Deus. Sabendo disto, reconhecemos
que a obra de Jesus tem múltiplas facetas. Mas quando as pessoas lêem a
respeito do Espírito Santo, elas freqüentemente o vêem fazendo somente uma
obra de um único modo. O resultado é absoluta confusão. Para estudar a obra
de Jesus de modo lógico, organizemos sua carreira em categorias: Jesus antes
de sua encarnação, sua vida na terra, sua crucificação, sua ressurreição, seu
reino no Céu, sua volta, etc. Devemos fazer o mesmo com o Espírito Santo.
O Velho Testamento
O
Espírito Santo estava ativo no Velho Testamento. Ele participou da
criação: "A terra... estava sem forma e vazia; havia trevas
sobre a face do abismo, e o Espírito de Deus pairava por sobre as águas" (Gênesis
1:2). Quando Deus disse, "Façamos o homem à nossa imagem,
conforme a nossa semelhança", ele estava provavelmente
falando ao Filho e ao Espírito, desde que todos os três trabalharam
ativamente para criar o homem (Gênesis 1:26). O Espírito revelou as palavras
do Velho Testamento a homens como Davi: "O Espírito do Senhor
fala por meu intermédio, e a sua palavra está na minha língua" (2
Samuel 23:2). O Novo Testamento confirma que "homens...
falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo" (2
Pedro 1-21; veja Hebreus 10:15; Atos 28:25).
Os Apóstolos
João
Batista predisse que alguns seriam batizados com o Espírito Santo: "Eu
vos batizo com água, para arrependimento; mas aquele que vem depois de mim é
mais poderoso do que eu, cujas sandálias não sou digno de levar. Ele vos
batizará com o Espírito Santo e com fogo" (Mateus 3:10-11).
Para João, o fogo simbolizava castigo. Ele advertia quanto à árvore
infrutífera sendo "lançada ao fogo" e dizia que o
Senhor queimaria como "a palha em fogo inextinguível"
(Mateus 3:10, 12). Portanto, João não poderia estar falando que todas as
pessoas presentes seriam batizadas com o Espírito Santo e com fogo. Ele
simplesmente identificou Jesus como aquele que administraria os batismos; o
cumprimento revelaria quais pessoas os receberiam.
Jesus
se referiu à promessa de João quando ele instruiu seus apóstolos
imediatamente antes de sua ascensão: "E, comendo com eles,
determinou-lhes que não se ausentassem de Jerusalém, mas que esperassem a
promessa do Pai, a qual, disse ele, de mim ouvistes. Porque João, na verdade,
batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo, não muito
depois destes dias" (Atos 1:4-5). Os apóstolos obedeceram
Jesus voltando a Jerusalém e, poucos dias depois, no Pentecostes, foram batizados
no Espírito Santo (Atos 2:1-4). Os Doze tinham sido escolhidos por Jesus para
serem seus representantes e revelarem a mensagem do evangelho (Efésios 3:5; 2
Pedro 3:2; Judas 17). O Espírito Santo iria equipá-los para esta obra. Ele
lhes lembraria o que Jesus disse a eles (João 14:26) e os guiaria em toda a
verdade (João 16:13) de modo que eles pudessem testificar de Jesus (João
15:26-27). Como testemunhas oculares da ressurreição de Jesus (Lucas 24:48;
Atos 1:8, 22; 2:32; 3:15; 4:33; 5:32; 10:39-41; 13:31; 1 Pedro 5:1; 1 João
1:2) o testemunho deles foi crucial para o desenvolvimento da igreja
primitiva (Atos 2:37, 42:43; 4:33-37; 5:12, 18, 40; 8:14-18), da qual eles
foram o alicerce (Efésios 2:20; Apocalipse 21:14).
Aqueles
que estão hoje esperando ter uma experiência "Pentecostal" podem
cometer o mesmo engano que alguém que viajasse para Jerusalém para ver Jesus
na Cruz. O batismo dos apóstolos com o Espírito Santo no dia de Pentecostes
foi um evento único, sem repetição. Isto não significa que o Espírito Santo
deixou de trabalhar hoje, mas que ele não está fazendo o mesmo trabalho hoje
como o fez nos apóstolos. O alicerce da igreja foi lançado perfeitamente; não
precisa ser lançado de novo.
Cornélio
Desde o
tempo do chamado de Abraão, os judeus foram o povo escolhido de Deus. Ainda
que Deus tenha prometido que através dos descendentes de Abraão bênçãos
viriam sobre todas as nações (Gênesis 12:3), os primeiros beneficiados de seu
cuidado, durante 2000 anos, foram os judeus. João Batista era judeu, Jesus era
judeu, os apóstolos eram judeus e os primeiros cristãos eram judeus. Neste
ambiente, os cristãos judeus não seriam facilmente persuadidos de que Deus
quisesse que os gentios recebessem o evangelho.
Três
milagres notáveis acompanharam a pregação a Cornélio, o primeiro gentio a ser
convertido. Primeiro, o anjo lhe disse que mandasse chamar Pedro em Jope.
Segundo, enquanto Pedro estava no seu terraço esperando o jantar, ele viu um
lençol descendo do céu cheio de todos os tipos de animais. Uma voz disse a Pedro
que os matasse e comesse, mas ele instintivamente recusou, dizendo que nunca
tinha comido nenhum animal imundo. A voz replicou "Ao que
Deus purificou não consideres comum" (Atos 10:15). Por
causa desta visão, Pedro foi com os mensageiros de Cornélio, pregou aos seus
amigos e parentes e assentou-se em sua casa. O terceiro milagre ocorreu
enquanto Pedro pregava: o Espírito Santo veio sobre os que estavam ouvindo
Pedro e eles começaram a falar em línguas.
Quando
Cornélio e sua família receberam o Espírito Santo, Pedro imediatamente
ordenou que fossem batizados na água. Antes disto, nenhum gentio tinha sido
batizado, mas Pedro reconheceu que, dando-lhes o Espírito Santo, Deus estava
testemunhando que eles também deveriam receber o evangelho. Para encontrar um
paralelo ao modo pelo qual Cornélio tinha recebido o Espírito, Pedro teve que
voltar a quando ele tinha descido sobre os apóstolos "no
princípio" (Atos 11:15). Isso lembrou-o da promessa de João
que alguns seriam batizados no Espírito Santo, e convenceu os judeus céticos
de que "aos gentios foi por Deus concedido o arrependimento
para vida" (Atos11:18). Este evento muito significante foi
relatado três vezes em Atos (Atos 10; 11:1-18; 15:7-11).
Além
destes dois, não há nenhum outro relato do batismo no Espírito Santo. No
Pentecostes, os apóstolos foram batizados no Espírito para que pudessem dar
testemunho de Jesus e revelar o evangelho. Então Cornélio e sua família foram
batizados com o Espírito para demonstrar a aceitação dos gentios por Deus. Em
Atos 2, houve dois batismos. Em Atos 10, houve dois batismos. Depois disso,
houve só um batismo (Efésios 4:5), batismo em água para o perdão dos pecados
(Efésios 5:26). Ninguém, hoje, recebe o Espírito Santo do mesmo modo que os
apóstolos e Cornélio.
Dons espirituais
Paulo
mencionou diversos dons espirituais (1 Coríntios 12:1-11) incluindo línguas,
curas, milagres e profecias. Estes dons serviam a dois propósitos: revelar e
confirmar a palavra. Antes que o Novo Testamento fosse escrito, homens com
dons espirituais falaram a mensagem para que a igreja pudesse ser edificada
(1 Coríntios 14). Desde que era uma nova revelação, o Senhor a confirmava com
sinais da mesma forma como tinha feito nos dias de Moisés e Elias. Os dons
espirituais autentificavam a mensagem que estava sendo revelada (Hebreus
2:3-4; 1 Coríntios 14:22; Marcos 16:17-20).
Os
discípulos no primeiro século recebiam estes dons espirituais através da
imposição das mãos dos apóstolos (Atos 8:14-18; 19:6). Não há registro de
alguém, além dos apóstolos, tendo o poder de transmitir o Espírito deste
modo. Portanto, após a morte dos apóstolos, os dons tinham que terminar;
nunca foram destinados a continuar. 1 Coríntios 13:8-13 mostra que eles foram
desnecessários depois que a mensagem do Novo Testamento foi completamente
revelada (veja O Que A Bíblia Ensina sobre Falar em Línguas por
Gary Fisher),
Habitação
Hoje,
Deus habita nos corações de seus servos fiéis. Seus corpos são seu templo (1
Coríntios 6:19-20; Romanos 8:9-11). Isto não significa que o Espírito Santo
sussurra coisas nos ouvidos deles, ou lhes dá algum sentimento ou intuição
especial; de fato, a Bíblia não diz nenhuma palavra sobre como nos sentimos
quando o Espírito está em nós. Esta habitação não é alguma experiência
mística na qual a pessoa sente mesmo a condução do Espírito em sua vida.
Quando a pessoa segue seus próprios palpites e diz que isso é aceitar a
orientação do Espírito Santo, ela realmente acha que seus próprios
sentimentos sejam Deus. O verdadeiro modo pelo qual o Espírito nos guia é através
de sua palavra, "a espada do Espírito" (Efésios
6:17). Se alguém vive em nós significa que pensamos nele todo o tempo, que
temos as mesmas atitudes que ele teria, que o amamos, que respondemos
prontamente ao que ele nos peça para fazer e queremos ser o que ele quiser
que sejamos. Estamos tão perto do Senhor que possa ser dito verdadeiramente
que o Espírito Santo habita em nós?
Conclusão
Podemos
entender mais facilmente o Espírito Santo e sua obra distinguindo as várias
coisas que ele fez e os diferentes modos pelos quais os fez. No Novo
Testamento, os apóstolos e Cornélio foram batizados no Espírito para revelar
a mensagem do evangelho e para demonstrar a aprovação de Deus para a
conversão dos gentios. Os apóstolos impuseram suas mãos em alguns indivíduos
dando-lhes dons espirituais para edificar a igreja e confirmar a palavra.
Ninguém hoje recebe o Espírito Santo do mesmo modo; hoje o Espírito Santo
habita nos corações dos cristãos.
- por
Gary Fisher
|
sábado, 11 de fevereiro de 2012
A Obra do Espirito Santo (Classe de Excursionista)
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário